Atividades para sala virtual - 6º ano 23/04


INVESTIGAÇÃO E DESCOBERTA SOBRE HISTÓRIAS DAS ORIGENS
TODO MUNDO TEM HISTÓRIAS E CONTA HISTÓRIAS  - 6º ano

A - Nesta parte de nosso estudo, você vai ler e interpretar o texto abaixo. A finalidade da leitura é conhecer mais sobre a escrita de histórias de família e a importância dada aos antepassados em nossa cultura atual.

HISTÓRIAS DA FAMÍLIA

 Que bom que eles se casaram.  A Mema tinha a delicadeza de uma asa de borboleta. Jovem, tinha sido muito bonita. Teve um caso de amor. Mas o pai não permitiu o casamento. O moço era pobre e da "prateleira de baixo". Ela aceitou o veredito do pai e transformou sua tristeza numa delicadeza mansa para com tudo e todos, especialmente para com os sobrinhos. Sempre que algum deles adoecia, a Mema era chamada. Todos a adoravam. Naquela manhã, ela reuniu os sobrinhos e os levou para passear, longe da casa. Eles não entenderiam o que estava para acontecer. Na verdade, eles não deviam entender.
Na casa, o movimento era incomum, mulheres entrando e saindo de um quarto, água fervendo no fogão, o marido andando como um bobo de um lado para o outro. Até que se ouviu o choro de uma criança. O choro anunciava o nascimento. A parteira anunciou: “É um menino!" A mãe ficou desapontada. Já tinha três filhos homens. Tinha rezado muito para que na sua barriga estivesse uma menina. Toda mãe sonha com uma menina como companheira e enfermeira, para quando os dias forem maus. Quando a Mema voltou com os meninos, eles foram informados pelo pai que um irmãozinho havia chegado – sem explicar nem como e nem de onde. Era o dia 15 de setembro de 1933.
 Assim foi: no desejo de minha mãe eu deveria ter sido uma menina... Ela mesma me disse, muito tempo depois,  carinhosamente.  Hoje, decorridos sessenta e seis anos, mortos meu pai, minha mãe, Mema, parteiras, comadres, eu fico pensando sobre o enigma do casamento do meu pai e da minha mãe (…)  Meu pai, homem de origem humilde e pobre, sem árvore genealógica, foi homem de negócios bem-sucedido e rico e terminou sua vida como caixeiro viajante a pobre (…)
Minha mãe vinha de um mundo completamente diferente. Nascida num rico sobrado colonial, com vidros coloridos importados, longos corredores, salas barrocas, festas, sua família se gabava de ancestrais nobres e poderosos. Diziam, inclusive, que um dos seus membros havia sido governador da província das Minas Gerais, havendo deixado em Ouro Preto um chafariz com o seu nome – fato que nunca pude comprovar (…) Minha mãe, além do bandolim, que abandonou, era pianista (…)
 Foi minha mãe que me abriu o mundo da música. Menino ainda, ela me levava aos concertos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (…) Minha mãe falava pouco, muito pouco. Nós nos comunicávamos pela música. Ela ficava assentada, ouvindo, sem nada dizer, enquanto eu estudava a sonata de Chopin (…)  Do meu pai, eu acho, herdei o gosto pela palavra, o prazer em criar mundos pela escrita e pela fala. O mundo do meu pai se abre para fora, para uma comunhão fácil. Da minha mãe, recebi as chaves que abrem as portas que levam ao mundo da música clássica. O mundo de minha mãe se abre para dentro, onde se encontram a alegria e uma comunhão difícil que beira a solidão.

Rubem Alves foi psicanalista, educador, teólogo e escritor. Nasceu na cidade de Boa Esperança, Minas Gerais, no ano de 1933, e faleceu em Campinas (SP), em 2014. É autor de livros e artigos que abordam temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis.
HISTÓRIAS DA FAMÍLIA

B-  Agora, vamos conversar sobre o texto que lemos. Para isso, farei algumas perguntas a vocês.

1. Quem escreveu esse texto?
2. O autor quis comunicar algo ao escrever esse texto. Qual é sua hipótese?
3. Quais são as situações mencionadas no texto?
4. A quais pessoas o texto se refere?
5. O texto registra informações sobre modos de vida de lugar e época específicos. Quais são os lugares e as épocas?
6. O que você ficou sabendo sobre o autor ao ler esse texto?
7. Sua hipótese, formulada na questão 2, foi comprovada com quais evidências?  8. O que você descobriu além de sua hipótese inicial?




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