INVESTIGAÇÃO E DESCOBERTA SOBRE
HISTÓRIAS DAS ORIGENS
TODO MUNDO TEM HISTÓRIAS E CONTA
HISTÓRIAS - 6º ano
A
- Nesta parte de nosso estudo, você vai ler e interpretar o texto abaixo. A
finalidade da leitura é conhecer mais sobre a escrita de histórias de família e
a importância dada aos antepassados em nossa cultura atual.
HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Que bom que eles se casaram. A Mema tinha a delicadeza de uma asa de
borboleta. Jovem, tinha sido muito bonita. Teve um caso de amor. Mas o pai não
permitiu o casamento. O moço era pobre e da "prateleira de
baixo". Ela aceitou o veredito do pai e transformou sua tristeza numa
delicadeza mansa para com tudo e todos, especialmente para com os sobrinhos.
Sempre que algum deles adoecia, a Mema era chamada. Todos a adoravam. Naquela
manhã, ela reuniu os sobrinhos e os levou para passear, longe da casa. Eles não
entenderiam o que estava para acontecer. Na verdade, eles não deviam entender.
Na
casa, o movimento era incomum, mulheres entrando e saindo de um quarto, água fervendo
no fogão, o marido andando como um bobo de um lado para o outro. Até que se
ouviu o choro de uma criança. O choro anunciava o nascimento. A
parteira anunciou: “É um menino!" A mãe ficou desapontada. Já tinha
três filhos homens. Tinha rezado muito para que na sua barriga estivesse uma
menina. Toda mãe sonha com uma menina como companheira e enfermeira, para
quando os dias forem maus. Quando a Mema voltou com os meninos, eles foram
informados pelo pai que um irmãozinho havia chegado – sem explicar nem como e
nem de onde. Era o dia 15 de setembro de 1933.
Assim foi: no desejo de minha mãe eu deveria
ter sido uma menina... Ela mesma me disse, muito tempo depois,
carinhosamente. Hoje, decorridos
sessenta e seis anos, mortos meu pai, minha mãe, Mema, parteiras, comadres, eu
fico pensando sobre o enigma do casamento do meu pai e da minha mãe (…) Meu pai, homem de origem humilde e pobre, sem
árvore genealógica, foi homem de negócios bem-sucedido e rico e terminou sua
vida como caixeiro viajante a pobre (…)
Minha
mãe vinha de um mundo completamente diferente. Nascida num rico sobrado
colonial, com vidros coloridos importados, longos corredores, salas barrocas,
festas, sua família se gabava de ancestrais nobres e poderosos. Diziam,
inclusive, que um dos seus membros havia sido governador da província das Minas
Gerais, havendo deixado em Ouro Preto um chafariz com o seu nome – fato que
nunca pude comprovar (…) Minha mãe, além do bandolim, que abandonou, era
pianista (…)
Foi minha mãe que me abriu o mundo da música.
Menino ainda, ela me levava aos concertos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
(…) Minha mãe falava pouco, muito pouco. Nós nos comunicávamos pela música. Ela
ficava assentada, ouvindo, sem nada dizer, enquanto eu estudava a sonata de
Chopin (…) Do meu pai, eu acho, herdei o
gosto pela palavra, o prazer em criar mundos pela escrita e pela fala. O mundo
do meu pai se abre para fora, para uma comunhão fácil. Da minha mãe, recebi as
chaves que abrem as portas que levam ao mundo da música clássica. O mundo de
minha mãe se abre para dentro, onde se encontram a alegria e uma comunhão
difícil que beira a solidão.
Rubem Alves foi
psicanalista, educador, teólogo e escritor. Nasceu na cidade de Boa Esperança,
Minas Gerais, no ano de 1933, e faleceu em Campinas (SP), em 2014. É autor de
livros e artigos que abordam temas religiosos, educacionais e existenciais,
além de uma série de livros infantis.
HISTÓRIAS
DA FAMÍLIA
B- Agora, vamos conversar sobre o texto que
lemos. Para isso, farei algumas perguntas a vocês.
1.
Quem escreveu esse texto?
2.
O autor quis comunicar algo ao escrever esse texto. Qual é sua hipótese?
3.
Quais são as situações mencionadas no texto?
4.
A quais pessoas o texto se refere?
5.
O texto registra informações sobre modos de vida de lugar e época específicos.
Quais são os lugares e as épocas?
6.
O que você ficou sabendo sobre o autor ao ler esse texto?
7.
Sua hipótese, formulada na questão 2, foi comprovada com quais evidências? 8. O que você descobriu além de sua hipótese
inicial?
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