Atividade para sala virtual - 8º ano 23/04


OS LIMITES DO ILUMINISMO  - 8º ano

 Como você pôde perceber, o iluminismo foi tão revolucionário como restrito. A liberdade e a emancipação racional não eram para todos. Grandes partes dos iluministas não consideravam as mulheres como seres iguais aos homens, dotados de razão na mesma medida. Muitos defendiam que sua utilidade era servir aos homens, tornar o mundo dos homens mais belo.
Claro que existiram mulheres que lutavam contra esse desprezo. Muitas foram perseguidas, aprisionadas e até condenadas à morte. Um dos maiores exemplos é o da inglesa Mary Wollstonecraft, que viveu uma vida de escritora e repórter bastante movimentada, diferentemente da maioria de suas contemporâneas.
Seu legado foi esquecido por muito tempo, já que seu biógrafo não deu a devida importância para suas ideias, e sim para sua vida pessoal conturbada. A pensadora criticou o Antigo Regime e a educação provida às mulheres de seu tempo, apenas utilitária, sem qualidade filosófica. Sua filha também foi uma escritora notadamente famosa, Mary Shelley, que escreveu a história de Dr. Frankenstein.

 Reivindicação dos direitos da mulher
A maior parte da civilização dos povos europeus é bastante parcial; mais que isso, é possível questionar se eles adquiriram alguma virtude em troca de sua inocência, se essa virtude é equivalente à miséria provocada pelos vícios que embriagam sua vil ignorância ou à liberdade que eles trocaram por uma grande escravidão.
O desejo por deslumbrantes riquezas (o mais certo predomínio que o homem pode obter), o prazer de comandar os mais lisonjeiros bajuladores e muitas outras formas complicadas de idolatrar o narcisismo, tudo isso contribuiu para soterrar a massa da humanidade e transformar a liberdade em um instrumento conveniente para o falso patriotismo. 
 [...] O que, além de um vapor pestilento, pode pairar sobre a sociedade quando seu dirigente só é instruído na invenção de crimes, ou na rotina estúpida de cerimônias infantis? Será que os homens nunca serão sábios? Será que nunca cessarão de esperar milho de joio, e figos dos abrolhos [uma erva daninha comum na Europa]?
 [papel da mulher]  […] a linha de subordinação nos poderes mentais nunca deve ser ultrapassada. A parte da racionalidade concedida à mulher,  só "absoluta em beleza", é realmente muito escassa; negando-lhe gênio e julgamento, é quase impossível predizer o que resta para caracterizar intelecto.  Para este erro, homens têm, provavelmente, sido levados a ver a educação sob uma falsa luz; não a considerando como o primeiro passo para formar um ser avançando gradualmente em direção à perfeição, mas somente como uma preparação para a vida. Neste erro de significado, pois devo chamá-lo assim, um falso sistema de costumes femininos foi criado, que rouba a dignidade ao sexo, e ensina-as a ser apenas adornos na vida dos homens.
Esta sempre foi a língua dos homens, e o medo de sair de um papel supostamente sexual fez com que mesmo as mulheres de sentidos superiores adotassem os mesmos sentimentos. Assim, a compreensão foi negada à mulher; e o instinto, sublimado em inteligência e astúcia, para os fins da vida, a substituiu.
Lamento que as mulheres sejam sistematicamente degradadas por receber as atenções triviais, [...] quando, na verdade, os homens estão apoiando de maneira rude sua própria superioridade. Não é condescendência se curvar a inferiores. Tão absurdo, de fato, que essas cerimônias me parecem, que eu mal sou capaz de governar os meus músculos, quando vejo um homem começar, com ansioso e sério empenho, a levantar um lenço, ou fechar uma porta, quando a senhora poderia ter feito isso sozinha, tinha ela só dado um ou dois passos.
[…] Mulheres, comumente chamadas de Senhoras, não são contrariadas, não estão autorizadas a exercer qualquer força manual; e delas só se esperam as virtudes negativas, incompatíveis com qualquer esforço vigoroso do intelecto, ao invés de virtudes positivas: paciência, docilidade, bom humor e flexibilidade.
[...] Na idade adulta, para continuar a comparação, os homens são preparados para as profissões, e casamento não é considerado como o grande recurso em suas vidas; enquanto as mulheres, ao contrário, não têm nenhum outro pano de fundo para aguçar suas mentes.
Estou plenamente convencida de que tais características infantis desapareceriam, se as meninas fossem autorizadas a fazer exercício suficiente, e não ficassem confinadas em quartos até que seus músculos estivessem relaxados, e os seus poderes de digestão destruídos.
Para continuar a observação, se o medo em meninas, em vez de ser acarinhado, fosse tratado da mesma maneira como covardia em meninos, veríamos rapidamente as mulheres com aspectos mais dignos. É verdade, elas não poderiam, em seguida, ser chamadas de flores doces que sorriem na caminhada do homem; mas seriam membros mais respeitáveis da sociedade, e desempenhariam as funções importantes da vida à luz de sua própria razão.
"Eduque as mulheres como os homens", diz Rousseau, "e quanto mais se assemelharem a nosso sexo, menos poder elas vão ter sobre nós." Este é exatamente o ponto a que quero chegar. Eu não desejo que elas tenham poder sobre os homens; mas sobre si mesmas.
Mary Wollstonecraft. A Vindication of the Rights of Woman. Boston: Peter Edes, 1792. (Tradução dos autores). Disponível em: <http://www.bartleby.com/144/>. Acesso em: 17 nov. 2016.

HORA DO DESAFIO

1.      Escreva, em seu caderno, um parágrafo sobre suas interpretações pessoais sobre os limites do Iluminismo.
2.      Faça um paralelo sobre os a Reivindicação dos direitos da mulher e a atual participação da mulher na sociedade. Existe influencias desse movimento nas conquistas das mulheres contemporâneas? Esclareça.




REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS
MARCONI, Cassia. Projeto Presente. Volume 1,2,3 e 4, 6ª edição, Editora Moderna, São Paulo, 2013. BRAICK, Patrícia. História - Das cavernas ao 3° milênio, Volume 1, 9ª edição, Editora Moderna, São Paulo, 2013. BOULOS, Júnior. História. Sociedade e Cidadania Volume 1, Editora FTD, São Paulo, 2013. Panazzo, Silvia. História. Jornada. Editora Saraiva, São Paulo, 2013.

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