A RESISTÊNCIA DOS POVOS DA TERRA - 7º
ano
Como você pode imaginar, quando os portugueses
tentaram se apoderar das terras americanas, escravizar a mão de obra nativa
(pois precisavam de grande número de trabalhadores fixos em um território) e
impor a sua cultura, teve início um processo de resistência contra o
colonizador europeu. Os grupos indígenas, desde o início da dominação
portuguesa, tentaram resistir tanto pela fuga como pelo recurso às armas.
Para combater o que consideravam a
indocilidade dos indígenas às tentativas de catequização e dominação, os
portugueses empreendiam a chamada “guerra justa". Esse era o meio de
dominar quem “estava em casa" e podia aproveitar todas as oportunidades de
fugas individuais e coletivas. Além dessas fugas, havia também rebeliões e
assassinatos dos dominadores que devem ser considerados como choques
indicadores do descompasso entre diferentes culturas e economias.
Essas rebeliões eram chefiadas por líderes
religiosos locais. Porém, como os colonizadores europeus não consideravam que o
indígenas tivessem uma religião digna do nome, para se comparar ao catolicismo,
nomearam essas manifestações de resistência de “santidades", sobre as
quais você lerá a seguir, nos textos de dois historiadores.
Santidades
Os europeus chamaram de santidades movimentos
em massa de indígenas para o interior do continente em busca de uma Terra Sem
Mal, liderados por um caraíba (chefe religioso) segundo a cultura Tupinambá.
Mas esses agrupamentos podiam ter como finalidade a rebelião e ataques ao
colonizador. No século XVII, os moradores do Brasil consideravam que santidades
eram o mesmo que revolta indígena.
Em finais do século XVI, a população indígena
já declinava devido ao contato com o europeu, que trouxe para os nativos
doenças, fome, a escravidão e a ameaça cultural da catequese. Por conta disso,
já em meados do século XVI as santidades parecem ter se revigorado e chegado
até as primeiras décadas do século XVII.
Santidade de Jaguaribe
As “Santidades" profetizavam a chegada de
um tempo sem mal e, à medida que avançava a colonização, tornaram-se claramente
antilusitanas em seu espírito, metamorfoseando-se numa espécie de rebelião de
traço anticolonial. Ocasionalmente desfechavam ataques contra a zona
açucareira, e com o tempo acolheriam também escravos africanos fugitivos.
A mais importante dessas insurreições eclodiu na área do Recôncavo
Baiano – a “Santidade de Jaguaripe" – com elementos de rito tupinambá, que
prometiam o paraíso terrestre. Apesar da organização de expedições punitivas, o
grupo cresceu, e em 1610 o governador da rica capitania da Bahia mencionava a
existência de 20 mil insurretos.
A
partir de 1613, porém, a metrópole conduziu verdadeiras guerras de extermínio
contra as “Santidades", e após 1628 já não há referências a elas.
(Lilia
M. Schwarcz e Heloisa M. Starling. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015, p. 43-54. Adaptado.)
A - HORA DO DESAFIO
·
Primeiro faça uma lista das palavras que
você não conhece e escreva seu significado consultando um dicionário – vai
ajudá-lo a entender melhor o texto.
1. O que foram as revoltas coletivas de
nativos denominadas “Santidades”?
2. Escreva um parágrafo sobre a importância de
conhecer a Santidade de Jaguaribe para saber mais sobre as relações entre os
indígenas e os europeus.
3. A história do texto pode ser
comparada a atua situação dos povos indígenas brasileiros atuais? Esclareça.
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